sexta-feira, 5 de novembro de 2010

A importância do Associativismo Académico;

Por excelência a Universidade será sempre um espaço dedicado á construção da pessoa humana, dando oportunidade de todos desempenharem o papel social que lhe cabe enquanto alunos e cidadãos, portanto, é fulcral no nosso processo de socialização a participação no Associativismo Académico.

Vejamos, é verdade que como Instituição a Universidade é fundamental na formação de “elites”, sejam políticas, culturais ou intelectuais da nossa sociedade, estas aparecem fomentadas pela transmissão de conhecimentos, pela experimentação, pela simples admiração, pelo básico estudo ou ate pelo convívio com detentores de elevados títulos académicos, contudo, não deixa de ser verdade que juntamente com o que se aprende em salas de aula, laboratórios ou livros está um forte lado informal (e histórico), recheado de costumes e hábitos que caracterizam uma população juvenil estudantil, letrada, preocupada, como objectivos cívicos claros e sedenta de debates académicos e políticos (e não, não só de ócio!).

É assim hoje, será certamente amanha e já o era ontem, desde cedo que se engendrou uma forte identidade estudantil, apoiada pelos rituais académicos, pelo clima de irreverência e pelo regozijo, infelizmente é notório que o ambiente de contestação, de criação público – politico e de debate tem decaído ao longo dos tempos.

Atrevo-me a dizer que no nosso País sempre que foi preciso pulso e opinião firme os Estudantes estiveram na linha da frente, basta que nos recordemos da década de 60, principalmente na Universidade de Coimbra, palco de intensas lutas, vivia-se no Regime Salazarista e onde Movimento Associativo Académico começou a desgastar o Regime, mobilizou a cidade e a opinião democrática de todo País. Talvez tenham sido ate os Estudantes a levar a Revolução para os Quartéis, muito por força daqueles que eram mobilizados para a Guerra.

Mais recentemente, meados dos anos 90, a mobilização esteve sob a bandeira da luta contra o aumento das Propinas, que em 97 aumentaram cerca de 300€, e chegam hoje em dia a perto de 1000€. A vida democrática académica continuou a dar lugar a muitas lutas e acções associativas e políticas, infelizmente notou-se o declínio do Movimento, com pouca aceitação na praça pública e nem sempre bem representado no que a líderes diz respeito, na minha opinião.

Genericamente e numa estranha relação proporcional inversa á medida que a população estudantil académica tem aumentado a participação e mobilização dos estudantes tem vindo a diminuir, está agora em escassas centenas.

Como se explica tal facto?

Esvaziou o balão contestatário?

Desligou-se a opinião pública?

Perdeu-se a massa crítica estudantil?

Infelizmente o nosso país tem uma escassa participação cívica e associativa.

È uma realidade que nas últimas décadas se tem vindo a agravar, verificam-se ainda níveis assinaláveis de filiação associativa, contudo, segundo estudos, houve uma quebra clara na última década do século passado: de 34% de filiação associativa académica juvenil, em 1990, passou a 25,6%, em 1999. (Delicado, 2003).

Quando a mim a causa estudantil não perdeu força, quando muito tem hoje menos impacto que num passado recente.

Parece-me que a pouca mobilização se deve, em grande parte, ao afastamento das estruturas dirigentes em relação á massa dos estudantes, e Aveiro não é excepção, é certo que temos uma descentralização das estruturas de base, com os Núcleos de Curso (muito negligenciados ultimamente, como os desportivos e culturais) mas não chega.

A verdade é que são as festas e rituais estudantis lúdicos que continuam agregar atenção da maioria dos estudantes, e não deve ser assim, não se pode submeter o Associativismo Académico a uma lógica mercantilista, consumista e de dedicação ao ócio, não se deve procurar alienar os estudantes da vida político-social, não devemos esquecer que criamos hoje as mentes de amanha.

Da parte de uma Associação Académica faltam espaços de discussão pública, de diálogo, de agregação de massas, falta mostrar a Casa, prestar contas…não chega dizer que se dissolve com os seus, é preciso agregar todos!

Então, porque a importância da participação no Associativismo Académico?

O ser humano não se constitui de forma auto-suficiente, nem tão pouco egoísta, o que nos constrói são as relações interpessoais, que, na minha opinião, se aprofundam na experiencia associativa, devemos procurar participar, agir, pensar na pratica, mas mantendo sempre um sentido de missão, nunca de obrigação e buscando assim “um conjunto de virtudes cívicas (…) comportamentos cooperativos, respeito pelos outros, tolerância, respeito pela lei, envolvimento activo na esfera pública e reforço dos sentimentos de autoconfiança e de eficácia pessoal”.

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4 comentários:

  1. Os outros posts estão cheios de gente muito irritada por se criticar a associação de estudantes actual e a pedir comentários construtivos.

    Neste post, com um texto que pretende gerar debate e ser construtivo, não vêm cá dizer nada.

    Só reagem a críticas, e só sabem funcionar criticando, depois admiram-se que também lidem com eles dessa forma. Quando se apresenta algo construtivo não reagem. Porque não sabem o que dizer, porque não sabem o que propôr.

    Não me arrogo o supremo génio da contribuição construtiva, mas não sou incoerente ao ponto de só criticar as críticas e exigir, em simultâneo, que me apresentem coisas construtivas, como vimos nos comentários aos outros posts.

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  2. Caro R, tenho que colocar um reparo ao teu comentário... "Quando se apresenta algo construtivo não reagem (..)" afirmaste. Sim, o texto é sem dúvida bem elaborado e construído com uma boa mensagem em mente. Mas queres que uma pessoa diga o quê? "Muito bem, é isso mesmo, boas ideias e intenções!"? Até se pode dizer, mas como se diz em bom português, "De boas intenções o mundo está cheio".
    Eu fico à espera do manifesto desta (presumo) lista, para ver realmente as suas propostas (e as pessoas que a constituem, pois metade do bom caminho está aí). Se, ao invés disso, ela preferir apresentar críticas à actual direcção (que, na minha opinião, está a fazer um bom trabalho - nunca, em 5~6 anos, senti a AAUAv com uma relação tão próxima com os estudantes como actualmente), cá estarei para criticar. Mas o contrário também poderá verificar-se, estarei cá para aplaudir se as pessoas forem bem escolhidas e se o manifesto tiver pés e cabeça.
    Só me resta dizer, felicidades, boas ideias, e grandes acções.

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  3. "Acreditar que a falta de participação dos estudantes no associativismo é algo que se deve a, e pode ser resolvido por uma Direcção da AAUAv é, no mínimo, ingénuo. Ou intencionalmente enganador. Veremos."

    resposta completa em
    http://coisasdacausa.blogspot.com/2010/11/aauav-e-pratica-de-pensar-iv.html

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